A cereja do bolo

Por , 17 de dezembro de 2010 Destaque

Quando você vê um bolo de chocolate, com aquela cobertura docemente convidativa, e cerejas reluzentes e provocativas, você se lembra quando começam a cortar o bolo e oferecem um pedaço? O pensamento é esse: Será que a cereja vai ficar no meu pedaço? Ou se você tem intimidade pede a quem está servindo o “mimo” de lhe dar a cereja? Pois é….

Agora imagine o bolo de chocolate, como se fôssemos parte desse bolo, todos nós seríamos iguais, e a cereja, aquele algo especial que algumas pessoas possuem, independente da classe social ou da cultura.Sabe o que é a cereja? É a identidade da nossa alma, aquilo que temos quando nascemos e quando precisamos entrar no padrão guardamos na gaveta construindo uma nova, para entrarmos nos diferentes grupos que vamos encontrando ao longo da vida.

Andando por um elegante shopping da cidade e parando para comer um tremendo bolo de chocolate é claro, que a cereja eu pedi, fiquei observando as mulheres que passavam com seus cabelos lindos e iguais. Todos muito lisos com o mesmo “dançar ao vento”, sem identidade. A identidade “falsificada”. Ao meu lado, uma pessoa pede o mesmo bolo, e completa, com cereja por favor. E o bolo, foi ficando sem cerejas.

Fiz um link . Escutei um professor dizer: As mulheres perderam a última característica de identidade, o cabelo. Ficaram todas iguais depois da revolução da escova permanente. Fiquei lembrando de uma colega que tinha cachos maravilhosos cor de mel, era o cabelo mais bonito da turma, aquele que lava e o vento cuida de transformar em belos anéis. Fiquei sabendo que ela fez escova “progressiva”. Virou parte do bolo sem cereja, ficou só bolo, igual a todas.

Mas não é só o cabelo. A moda nos dita a moda, tudo uniformizado para nos fazer um grande bolo, todos iguais. E cadê a cereja do bolo?

E vamos nos adaptando aos bolos existentes por aí. O bolo da empresa, da escola, dos amigos, da balada, da família e por  todo o caminho que percorrermos. E onde fica a cereja do bolo?

Pergunto: Como você seria se pudesse ser um pedaço do bolo com a cereja? Qual a sua identidade, aquele talento que só você tem, que o faz diferente no meio dos iguais? Por que tenho que usar o terno e a gravata como uma massa de bolo? Tem tanta gravata bonita que combina com você, a do seu chefe é bonita para ele e não para você. Por que aquele salto e bico fino que desequilibram e a deixam com uma dor imensa, se você não combina com eles? Está na hora de achar o seu jeito certo de fazer as coisas.

Achamos que somente aqueles que são “estrelas” são privilegiados ou tem sorte. Conseguem trabalhar com o que gostam, fazem o que gostam e são felizes. Mas eu entendo sorte como preparação, mais oportunidade. Resolva hoje descobrir o que o faz diferente dos outros, e não vale o DNA, que a natureza sábia nos mostra que realmente somos diferentes.

O que reage dentro de você quando vê alguém triste? Pense. E quando era criança? Pelo que você ria, e pelo que chorava? Essa é uma pista para descobrir sua cereja.

Pense nas crianças que você conhece. Elas tem formas diferentes de reagir a vida de experimentar novidades, de responder aos estímulos. Quando pequena eu gostava muito de imitar as pessoas e pasmem, elas riam muito. Era mesmo teatral. Quando entrei para a escola eu tinha que ser igual e boazinha, encontrei o padrão. Teatro tinha que ser do jeito da professora, borboleta tinha que voar igual ela imaginava, e a minha imaginação? E a minha criatividade? Logo para sobreviver virei “massa de bolo”. Minha cereja ficou escondida, nem dei mais valor, não servia mais. Fiquei tímida. Muitos anos depois descobri que podia ser bolo, mas com um diferencial. Então comecei a mostrar minha cereja. Aquela “veia teatral” foi aos poucos ressurgindo. Ninguém queria saber da minha cereja. Essas pessoas que têm algo mais, sempre dão mais trabalho para conviver. São instigadoras da nossa inteligência, gostam de testar nossos limites, entram em nossa intimidade buscando o melhor de nós mesmos. Quando somos desafiados pela criatividade alheia, reagimos rapidamente empurrando a cereja para dentro do bolo.

Sonhos e metas. Por que parei de sonhar?

Gordinhos, nerds, sertanejos, do morro, religiosos, bicho-grilo, todos possuem diferenças.

Como você se mostra ao mundo, assim ele te entende? Você consegue passar aos outros o que realmente é?

Sou educado, respeitoso, ético, consigo me colocar no lugar do outro?

Por que não posso usar o que gosto?

Li está semana que as empresas de contratação de mão de obra já não querem aquelas pessoas que chegam como robôs. Falando o que eles esperam ouvir dos candidatos, vestindo todos, o mesmo estilo de roupa. Querem conhecer as diferenças. Porque técnica, todos possuem no mesmo padrão. O algo mais é dos confiantes e corajosos que mostram quem são e não se envergonham de suas diferenças. Esses tomam conta dos melhores lugares. Fazem o que gostam e gostam do que fazem.

As pessoas pensam que só quando conseguem ter muito dinheiro, e estão lá no topo é que realmente são um sucesso. Podemos ser um sucesso quando nosso talento é liberado e quando isso acontece é como corredeira morro abaixo, ninguém segura. A força da sua natureza o empurrará ao seu destino.

(Autora – Vanessa Siqueira)